Confissões de uma mãe neurótica

Não sou uma mãe moderna (mãe tem que ser moderna?). Definitivamente, não sou. Sou daquelas mães bem clichê. Daquelas que se desespera se o filho se machuca, que não desliga o pensamento dele quando ele está longe, que custa a pegar no sono à noite (mesmo depois de ter arrumado a mochila da escolinha com todos os apetrechos necessários, mesmo que as roupinhas usadas no dia anterior estejam devidamente lavadas, que o almoço e a janta estejam preparadas e cuidadosamente congeladas em porções exatas para matar a fome do pequeno) pensando se esqueci de fazer algo que seja importante para o dia seguinte do meu Ignácio.
Não me dou folga: quero a casa arrumada, os guarda-roupas impecáveis, as louças bem lavadas para dar o exemplo ao pequeno (e nem sei se este é um exemplo que sirva pra alguma coisa na vida dele). Limpo os brinquedos diariamente, esterilizo bicos e mamadeiras (mesmo que tudo que está no caminho dele vá parar na boca, inclusive partes da nossa cachorra, como patas, orelhas e, eventualmente, até o rabo)... Enfim, é um trabalho que parece (parece?) que não acaba nunca.
E, em um momento iluminado, depois de passar um dia do cão, sendo mãe, esposa, socióloga, dona de casa (alguns dias por semana me torno dona de casa também), me pergunto: para que é mesmo que serve toda essa neurose por arrumação? Para que é mesmo que eu tenho que colocar SEMPRE cada coisa em seu lugar? Acho que é uma espécie de necessidade de ordem, de saber “o que vem depois”... O único problema de tudo isso é que com uma criança de sete meses quase NUNCA sabemos o que vem depois (pelo menos com o Ignácio e, considerando o fato de eu ser mãe “de primeira viagem”).
Ai, ai... me admito cansada, mais uma vez. E olha que hoje recém é terça-feira (e também que diferença faz, afinal de contas eu sou mãe mesmo de segunda à segunda e 24 horas por dia?). Mas, ao menos, o Ignácio já está no berço e as coisas estão no lugar (pelo menos até agora que o Rodri chegou da PUCRS...). Boa noite...